sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Aquecem os motores para as autárquicas


Não duvido que os políticos do Cartaxo sejam contra a fusão, agregação ou extinção de freguesias. Pelo menos, neste concelho. Mas, às vezes, dá a sensação de que esta polémica surgiu numa altura muito conveniente para alguns deles. Numa fase em que começam a aquecer os motores para as candidaturas autárquicas é um presente dos deuses, para muitos, terem um pretexto para botar discurso e, ainda por cima, com muita gente na plateia a assistir.
Nas duas primeiras sessões sobre o assunto realizadas nas freguesias – na Ereira e Vale da Pinta – pareciam andar ao despique num tom de campanha eleitoral, com direito a palmas no fim, quanto mais não fosse por uma questão de boa educação da população presente. Mas a coisa foi de tal forma que eles próprios devem ter achado que estavam a exagerar e o tiro ainda podia sair pela culatra. Daí que, na reunião de quarta-feira, na Lapa, já tenham mostrado uma maior discrição e recato. Vamos ver o que acontece nas próximas sessões. 
Estes são dias de grande tensão no PS pois a decisão sobre quem será o candidato às autárquicas está por aí prestes a rebentar. Na segunda-feira há uma reunião da Comissão Política que é suposto tomar decisões sobre o assunto, nomeadamente através da marcação de eleições directas se aparecerem formalmente dois candidatos a candidato. Como se sabe, quer Paulo Varanda, quer Pedro Magalhães Ribeiro já disseram querer avançar, vamos agora ver se o fazem, uma vez que até ao último minuto deve haver contactos, negociações e pressões até dos órgãos regionais e nacionais para que um deles desista, de forma a evitar um clima de confrontação directa de que muito dificilmente o partido irá recuperar até às eleições, correndo, por isso, o risco de não as ganhar, pelo menos, com maioria absoluta.
E, aparentemente, esse é um cenário em que a facção apoiante de Pedro Magalhães Ribeiro já parece estar a trabalhar. No encontro que o PCP realizou no Centro Cultural sobre a questão da reorganização administrativa do território das freguesias, estavam mais socialistas do que comunistas. Pedro Magalhães Ribeiro e, praticamente, todo o seu estado maior fizeram questão de marcar presença. E, como certamente estas coisas não acontecem por acaso, isso terá sido previamente combinado. A leitura que faço é que Pedro Magalhães Ribeiro está convencido de que tem fortes hipóteses de ser o escolhido para candidato do PS à presidência da Câmara. Mas também considera que, nesse cenário, o actual titular do cargo, Paulo Varanda, avançará à frente de uma lista independente. Em face da visibilidade que o cargo de presidente lhe tem dado é natural que consiga boa votação, muito à custa da candidatura do PS. Isso poderá fazer com que, mesmo que seja o candidato dos socialistas e que saia vencedor das autárquicas, Pedro Magalhães Ribeiro não tenha maioria absoluta na Câmara e na Assembleia Municipal. De forma que precisaria de aliados para governar e a presença em peso da sua equipa na sessão do PCP significa que está a pensar naquele partido para seu parceiro na governação da autarquia, caso este cenário se concretize.

(Opinião, Jorge Eusébio, Rádio Cartaxo)

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